Toxoplasma
gondii
Toxoplasma gondii (T. gondii) é um protozoário intracelular
obrigatório com distribuição mundial e capaz de infectar a maioria dos animais
de sangue quente, incluindo aves, animais silvestres e domésticos e também o
homem, sendo o causador da doença conhecida como toxoplasmose.
A prevalência da toxoplasmose varia de 20 a 90% na população
humana mundial, com algumas diferenças relacionadas a aspectos geográficos
(Galván et al, 1998) e atribuídas a fatores de risco que podem variar entre as
regiões, como tipo de alimentação, tratamento adequado da água e exposição
ambiental (COOK et al, 2000; OLIVEIRA et al, 2003).
Biologia
do T. gondii
O T. gonddi pertence ao Filo Apicomplexa e
apresenta as seguintes formas evolutivas durante seu ciclo de vida:
Taquizoíto:
forma
arqueada, com aproximadamente 6μm de comprimento e 2μm de largura, encontrada
durante a fase aguda da infecção, sendo também denominada forma proliferativa
ou forma livre (DOBROWOLSKI; SIBLEY, 1996).
Cisto:
contêm
os bradizoítos que são morfologicamente semelhantes aos taquizoítos, mas
possuem uma replicação lenta. É a forma de resistência do T. gondii nos
tecidos, encontrada durante a fase crônica da infecção (FRENKEL, 1973).
Toxoplasma gondii visualizado por microscopia óptica de campo claro. Legenda:
1. Cisto; 2. Bradizoíto; 3. Parede cística; 4. Tecido muscular. Imagem: (W. Souza).
Oocisto:
Por
ser a forma de resistência, possui uma parede dupla bastante resistente às
condições do meio ambiente. São produzidos nas células intestinais de felídeos
não imunes e eliminados ainda imaturos junto com as fezes. Os oocistos maduros
contêm dois esporocistos e oito esporozoítos que são as formas infectantes para
os mamíferos e aves e também para o ser humano (FRENKEL, 1973).
Ciclo
de vida do T. gondii
Ciclo de vida do T. gondii que mostra as rotas de transmissão entre hospedeiros
intermediários e definitivos. Esquema adaptado de: (MA Moura e HS Barbosa).
O T. gondii apresenta um ciclo de vida
heteroxênico facultativo, com vias de transmissão fecal-oral, carnivorismo e
congênita (DUBEY, 1986). Os
únicos hospedeiros definitivos são os felídeos (silvestres e gatos domésticos)
e outros mamíferos e aves são os hospedeiros intermediários. Nos
felídeos ocorre a multiplicação enteroepitelial, com a produção de oocistos que são levados ao meio
ambiente juntamente com as fezes. Além
dos oocistos, outras formas de vida existentes nas fases agudas e crônica da
infecção (taquizoítos e cistos) são
transmitidas aos hospedeiros intermediários, ampliando o risco de infecção para
o homem e outros animais. Após
a ingestão pelo hospedeiro, a parede externa de cistos ou oocistos é rompida por ação de enzimas digestivas e as
formas infectantes (bradizoítos ou
esporozoítos) são liberadas no lúmen intestinal.
Os
bradizoítos ou esporozoítos infectam o epitélio intestinal produzindo formas
assexuadas (taquizoítos) que penetram em células nucleadas, desenvolvem
pseudocistos e se multiplicam rapidamente por endodiogenia, ocorrendo, assim,
uma infecção aguda, que dissemina o parasito por todo o organismo do hospedeiro
vertebrado. Após alguns dias da infecção sistêmica pelos taquizoítos, ocorre o
desenvolvimento de outro estágio do ciclo, a formação de cistos teciduais
contendo bradizoítos. Estes cistos podem se desenvolver em qualquer órgão
visceral, incluindo pulmões, fígado e baço, mas a maior prevalência tem sido
verificada em tecidos neurais e musculares, como cérebro, olhos e musculatura
esquelética estriada ou cardíaca, nos quais permanecem por toda a vida do
indivíduo. (DUBEY et al., 2004; MONTOYA; LIESENFELD, 2004).
O
ser humano ainda pode adquirir a infecção de forma congênita ou
transplacentária, por transfusão sangüínea, transplante de órgãos e transmissão
acidental por auto-inoculação em laboratório (MONTOYA; LIESENFELD, 2004).
Transmissão
Sintomatologia
- Ingestão de carne de animais infectados;
- Ingestão de água com oocistos esporulados;
- Via transplacentária (mulheres grávidas).
Sintomatologia
- Febre;
- Manchas pelo corpo;
- Cansaço;
- Dores no corpo;
- Linfadenopatia, ou seja, ínguas espalhadas pelo corpo;
- Dificuldade para enxergar que pode evoluir para cegueira;
Obs.: A toxoplasmose pode ser uma doença absolutamente assintomática ou provocar quadros graves no miocárdio, fígado e músculos, encefalite e exantema máculo-papular (vermelhidão pelo corpo em forma de pequenas manchas e pápulas).
Aspectos clínicos
A
maior parte dos humanos infectados é assintomática ou desenvolve infecção
localizada, porém, mulheres grávidas podem transmitir o T.gondii ao feto (infecção congênita). A severidade da doença depende
do estágio da gravidez em que ocorreu a infecção. Pode ser leve com diminuição
da acuidade visual (terço final da gravidez) ou se ocorrer no início da
gestação pode provocar retinocoroidite, hidrocefalia, convulsão e calcificação
cerebral (DUBEY; MORALES; LEHMANN, 2004).
Diagnóstico e incubação
· O diagnóstico
é variado e pode ser feito por pesquisa parasitológica direta do T. gondii em amostras de sangue e outros
fluidos ou através de cortes de tecido doente. Podem ser feitos testes
sorológicos, a fim de identificar anticorpos específicos para o parasita.
· O período de
incubação da toxoplasmose varia de 10 a 23 dias, quando a fonte é a ingestão de
carne. De 5 a 20 dias quando se relaciona com o contato com animais.
Tratamento
· São utilizados com prescrição médica diversos
tipos de drogas no tratamento da toxoplasmose, como: atovaquone; azitromicina;
espiramicina; pirimetamina; sulfadiazina; pirimetamina. O tipo de droga
empregado depende da forma e manifestação clínica da doença.
Profilaxia
- Manter boa higiene e lavar as mãos depois de manipular alimentos crus;
- Lavar os utensílios utilizados em alimentos crus;
- Realizar o cozimento adequado dos alimentos;
- Lavar as mãos antes das refeições;
- Utilizar luvas ao manipular terra ou areia, pois podem estar contaminadas com fezes de gatos;
- Cuidar da saúde dos gatos domésticos que devem ser mantidos no interior de residências com o mínimo de contato com o meio externo;
- Controlar a alimentação dos gatos com rações de qualidade;
- As fezes dos gatos e o material de forração de seus leitos devem ser eliminados diariamente, antes que os oocistos tenham tempo de esporular;
- Quando se utilizam caixas de areia para a defecação dos gatos, estas devem ser tratadas periodicamente com água fervendo, para destruir os oocistos eventualmente existentes;
- Os tanques de areias para recreação de crianças devem ser cobertos quando não estão em uso, ou cercados de modo a impedir o acesso de gatos;
- Combater vetores mecânicos (insetos, principalmente baratas), pois eles também são responsáveis pela contaminação de produtos de origem animal e vegetal;
- Quanto a mulheres grávidas realizar todos os exames e consultas de pré-natal.
Clique nos links e saiba mais...
http://www.medicina.ufmg.br/observaped/index.php/toxoplasmose-congenita-por-que-e-como-prevenir.html
Referências
BAHIA-OLIVEIRA,
L.M.G., JONES, J.L., AZEVEDO-SILVA, J., ALVES, C.C.F., Ore´fice, F., Addiss, D.G., 2003. Highly endemic, waterborne toxoplasmosis in north Rio
de Janeiro State. Brazil Emerging Infect. Dis. 9, 55–62.
COOK AJ, GILBERT RE, BUFFOLANO W, et al. Sources of. Toxoplasma infection in pregnant women: European multicentre case-control study. European Research Network on Congenital Toxoplasmosis. BMJ. 2000;321:142-7.
DUEBEY, J.P. A review of toxoplasmosis in pigs. Veterinary Parasitology, v. 19, n. 3-4, p. 181-223, 1986. Dubey, J.P.;Morales, E.S
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