Giardia intestinalis (sinonímia = G. lamblia ou G. duodenalis)
Giardia intestinalis é
um parasito cosmopolita de região temperada e tropical, sendo considerado o
protozoário patogênico mais prevalente (FERREIRA; ÁVILA, 2001). A OMS
estima que ocorram mais de 200 milhões de casos anuais de giardíase na África,
Ásia e América Latina.
É um
protozoário flagelado que habita o intestino delgado de anfíbios, répteis, aves
e mamíferos, incluindo o homem. A giardíase é uma parasitose
intestinal que acomete milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente nos
países em desenvolvimento, onde as condições sanitárias são insuficientes. Em alguns países é conhecida como diarreia dos viajantes, pois é muito comum em
turistas que são infectados durante suas viagens ao ingerir água ou alimentos contaminados com o cisto do parasito.
Biologia da G. intestinalis
A
G. intestinalis apresenta duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto. O
trofozoíto tem formato de pêra, apresenta simetria bilateral, tem dois núcleos
anteriores e oito flagelos. Uma ventosa discoide na face ventral, é o meio de
fixação à mucosa intestinal. Os cistos são ovais ou elipsóides com dois ou
quatro núcleos localizados em um dos polos (GOMES et al, 2002).
O cisto é
forma infectante responsável pela transmissão da doença e o trofozoíto responsável pelo parasitismo no hospedeiro, forma encontrada
no intestino delgado.
A forma cística é relativamente inerte e é
muito resistente às condições adversas do meio, podendo permanecer viáveis por
vários meses.
(1-microtúbulos;
2-núcleo; 3-parede cística; 4-corpo mediano)
Fonte:
http://ppsus.cederj.edu.br/ (Imagem: W. Souza)
(1-núcleo;
2-corpo mediano; 3-axonêma; 4-flagelo)
Fonte:
http://ppsus.cederj.edu.br/ (Imagem: W. Souza)
Ciclo de vida da G. intestinalis
A figura acima, mostra as etapas do ciclo de vida da G.
intestinalis. O ciclo inicia-se pela ingestão dos cistos (1), que ao
chegarem ao estômago, sofrem sensibilização da parede cística, devido ao pH
ácido encontrado nessa região, iniciando o processo de desencistamento (2). Quando chegam ao
duodeno, encontram um ambiente com pH ligeiramente alcalino que contém enzimas
com atividade proteolítica, levando a liberação dos trofozoítos (3). De cada
cisto são liberados dois trofozoítos. Estes penetram no muco e aderem às
células epiteliais do duodeno e da parte superior do jejuno, promovendo
achatamento das microvilosidades (DE SOUZA, 2013). Cada trofozoíto divide-se em dois (4), tendendo a
recobrir o epitélio intestinal do hospedeiro (5). Assim que se desprende do
epitélio, devido a um mecanismo ainda desconhecido, os trofozoítos se deslocam
pela luz intestinal ajudado pelos movimentos peristálticos. No íleo,
possivelmente em consequência do contato com os sais biliares no lúmen, estes
trofozoítos entram em processo de encistamento, transformando-se em cistos (6)
(GILIN et al, 1988; LUJÁN et al, 1996). Os cistos (7), que representam a forma infectiva, são então liberados
nas fezes podendo contaminar novos hospedeiros.
A forma cística
é relativamente inerte e muito resistente às condições adversas do meio,
podendo permanecer viáveis por vários meses e a concentração de cloro usada na
água potável não é suficiente para eliminar estas formas, apenas a filtração é
considerada eficaz (ORTEGA; ADAM, 1997).
Transmissão
- Através da ingestão de cistos contidos em água ou alimentos contaminados.
- Um indivíduo previamente infectado pode se reinfectar levando a mão suja com os cistos à boca.
- A dose infectiva média dos cistos de Giardia lamblia em humanos é da ordem de 50 a 100 cistos, embora algumas pessoas possam se infectar com 1 a 10 cistos (RENDTORFF, 1954).
Sintomatologia
- Diarreia com fezes gordurosas (esteatorreia)
- Dor abdominal
- Náuseas
- Perda de peso
- Fraqueza
- Cansaço
Aspectos clínicos
- O espectro da giardíase é extenso, desde infecções assintomáticas até infecções com diarreia crônica acompanhada de esteatorreia, perda de peso e má absorção intestinal, que podem ocorrer em 30 a 50% dos pacientes infectados (Neves, 2005).
- A forma aguda se caracteriza por diarreia do tipo aquosa, acompanhada de distensão e dor abdominal, extremamente preocupante em indivíduos imunocomprometidos, em crianças e idosos. A giardíase pode levar à má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas A, D, E, K, B12, ácido fólico, ferro, zinco (MELLO et al., 2004).
Tratamento
- Os medicamentos utilizados no tratamento da giardíase são: Tinidazol, Secnidazol ou o Metronidazol. Vale lembrar que todos devem ser utilizados somente com prescrição médica.
Profilaxia
- Tomar somente água tratada;
- Lavar e higienizar, frutas e verduras antes do consumo;
- Lavar as mãos após usar o banheiro e antes das refeições;
- Procurar ajuda médica, caso apresente os sintomas específicos;
- Tomar os medicamentos de maneira adequada;
- Exigir das autoridades competentes as medidas de saneamento básico, como, água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo.
Referências
BINGHAM AK, MEYER EA (1979) Giardia
excystation can be induced in vitro
in acidic solution. Nature
227: 301-302.
GOMES, T.C.; ALMEIDA,
M.F.; MIURA, L.A.; GRANJA, J.; SANTOS, D.V.G.; OLIVEIRA, R.M.F.; LOPES, A.,
SEQUIRA, B.P.; ROLEMBERG, A.A.; MORAES, A.L.; SANTOS, C.S. Helmintoses
intestinais em população de rua da cidade do Rio de Janeiro. Rev. Soc. Bras.
Med. Trop., Uberaba, vol.35, n.5, p.531-532, 2002.
FERREIRA, A. W.; ÁVILLA, S. L. M. Diagnóstico
Laboratorial das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes. Editora
Guanabara Koogan, 2ª edição Rio de Janeiro, 2001.
GILIN FD, REINER DS, BOUCHER SE (1988) Small
intestinal factors promote encystation of Giardia
lamblia in vitro. Infect Immun 56:705-707.
LUJAN HD, MOWATT MR, BYRD LG, NASH TE (1996) Cholesterol starvation
induces differentiation of the intestinal parasite Giardia lamblia. Proc Natl Acad Sci 93:7628-7633.
Melo MCB, Klem VGQ, Mota JAC, Penna FJ. Parasitosesintestinais. Rev Med Minas Gerais. 2004 Jan/Fev; 14(1):3-12.
NEVES DP. Parasitologia Humana. 11ª
ed. São Paulo: Atheneu; 2005. 494 p.
ORTEGA Y, ADAM R. (1997) Giardia: Overview and Update. Clin
Infect Dis 25:545-550.
RENDTORFF RC (1954)
The experimental transmission of human intestinal protozoan parasites. II. Giardia
lamblia cysts given in capsules. Am. J. Hyg. 59: 209-220.
Muito obrigada à todos que fizeram está página,muito me ajudou para meu trabalho no curso técnico.
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