quarta-feira, 9 de abril de 2014

  Entamoeba histolytica (Amebíase)

   A Entamoeba histolytica é uma das formas mais primitivas de protozoário, sendo extremamente frágil, e sensível a mudanças de temperatura (Martinez- Palomo, 1988).

   E. histolytica encontra-se distribuída amplamente em todo o mundo. Sua prevalência é maior nos países das zonas tropicais e subtropicais, onde a população é carente e é baixo o nível de saneamento (Stauffer & Ravdin, 2003). E é responsável por milhões de casos da doença conhecida como Amebíase.

   Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, mais de 100 mil indivíduos morrem anualmente vitimados pela doença, o que a torna a segunda principal causa de morte por infecção provocada por protozoário parasito (WHO, 1997; Stanley, 2003).

Biologia da E. histolytica

   A E. histolytica pertence a um grupo maior de amebas, da família Entamoebidae, que são parasitos comuns da nossa espécie. Integra o grupo das Entamoebas, ou amebas interiores, porque geralmente são encontradas no interior de animais vertebrados.
   
Em seu ciclo de vida apresenta dois estágios definidos: o cisto, forma infectante responsável pela transmissão da doença, e o trofozoíto responsável pelo parasitismo no hospedeiro, forma encontrada no intestino delgado e principalmente no intestino grosso onde comumente fica alojada.

Cisto de “E. histolytica” observado em microscopia óptica
(1- núcleo; 2- cariossomo; 3- cromatina nuclear;
4- corpo cromatóide; 5- parede cística)
Fonte: http://ppsus.cederj.edu.br/ (Imagem: W. Souza)


Trofozoíto de “E. histolytica” observado em microscopia óptica
(1- núcleo; 2-cariossomo; 3-cromatina; 4- endoplasma; 5- ectoplasma; 6- pseudópode)
Fonte: http://ppsus.cederj.edu.br/ (Imagem: W. Souza)


Ciclo biológico da E. histolytica

Esquema do ciclo de vida da Entamoeba histolytica (D. Teixeira; M. Benchimol, 2011)

   O ciclo inicia-se pela ingestão dos cistos maduros (tetranucleados) (1). Os cistos atravessam o estômago resistindo à ação do suco gástrico, chegando até o íleo, onde ocorre o desencistamento (2). Abre-se uma pequena fenda na parede cística, liberando o metacisto (3), que se apresenta com quatro núcleos. Cada um desses núcleos sofre um processo de divisão seguido da imediata divisão citoplasmática da célula para formar oito trofozoítos metacísticos uninucleados (4). Os trofozoítos migram para o intestino grosso, onde aderem à mucosa e sofrem um processo de maturação para dar lugar a trofozoítos ativos (5) capazes de se reproduzir e colonizar esse órgão (de Souza, 2013).
   Em geral, os trofozoítos vivem como comensais, se alimentando de bactérias e detritos, e reproduzindo-se por divisão binária (6). Em determinadas condições ainda pouco conhecidas, os trofozoítos desprendem-se da mucosa e no lúmen do intestino grosso inicia-se o processo de encistamento (7), perdem a mobilidade, tomam formato esférico, assumindo a forma de precisto. Posteriormente, secretam uma parede cística, sofrem outras modificações, transformando-se em cistos imaturos, que tornam-se infectantes após sucessivas divisões nucleares (8), sendo eliminados no meio ambiente juntamente com as fezes do hospedeiro (de Souza, 2013).

Transmissão

  •  Através dos cistos contidos em água ou alimentos contaminados
  •  Além disso, um indivíduo previamente infectado pode se reinfectar levando a mão suja com os cistos à boca.

Sintomatologia

  • Dor abdominal;
  • Diarreia branda ou aguda com presença de sangue ou muco;
  • Febre e Calafrios.

Aspectos clínicos

·    Em relação aos aspectos clínicos, a doença pode ser assintomática ou se caracterizar como amebíase invasiva intestinal com disenteria, colite, apendicite, megacólon, peritonite, abscesso hepático, abscesso pleuropulmonar, lesões oculares e genitais. A amebíase hepática é a forma invasiva que causa o maior número de mortes, cujo percentual varia nos diferentes estudos (Shamsuzzaman, 2000).

·   As células epiteliais, quando aderidas pelos trofozoítos de E. histolytica, perdem suas funções em minutos. Perdem também seus grânulos citoplasmáticos, estruturas e, eventualmente, seus núcleos (Okada, 2006).O parasito invade e danifica o tecido através de uma sequência de eventos com a participação de múltiplos fatores relacionados tanto ao parasito quanto ao hospedeiro (Pacheco, 2004).

Diagnóstico e incubação

·         O diagnostico é realizado através de exames parasitológicos de fezes.
·         Ultrassonografia e tomografia em casos de abscessos intestinais.
·         Período de incubação entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos.  

Tratamento

No tratamento são utilizados medicamentos de amplo espectro de ação sobre os protozoários, já que agem também na tricomoníase e giardíase. Os principais derivados nitroimidazólicos são: metronidazol, nitrimidazina ou nimorazol, tinidazol, ornidazol e o secnidazol.

Profilaxia

·         Tomar somente água tratada;
·         Lavar e higienizar, frutas e verduras antes do consumo;
·         Lavar as mãos após usar o banheiro e antes das refeições;
·         Procurar ajuda médica, caso apresente os sintomas específicos;
·         Tomar os medicamentos de maneira adequada;
·   Exigir das autoridades competentes as medidas de saneamento básico, como, água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo.


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Referências

de Souza, W. (2013). Protozoologia médica. Rio de Janeiro: Rubio, 416p.

Doenças Infecciosas e Parasitárias: Enfoque Amazônico / Raimundo Nonato Queiroz de Leão {coordenadoi}, -Belém: Cejup: UEPA: Instituto EvandroChagas, 1997, ,886 p.

Espinosa-Cantellano M, Martínez-Palomo A. Pathogenesis of intestinal amebiasis: from molecules to disease. Clin Microbiol Rev 13: 318-331, 2000.

Martinez-Palomo A. Biology of amoebiasis: progress and perspectives. Biol Parasitism 43: 61-73, 1988.

Okada M, Nozaki T. New insights into molecular mechasnisms of phagocytosis in Entamoeba histolytica by proteomic analysis. Arch Med Res 37: 244-252, 2006.

Pacheco J, Shibayama M, Campos R, Beck DL, Houpt E, Petri WA Jr, Tsutsumi V. In vitro and in vivo interaction of Entamoeba histolytica Gal/GalNAc lectin with various target cells: an immunocytochemical analysis. Parasitol Int 53: 35-47, 2004.

Stanley SL. Amoebiasis. Lancet 361: 1025-1034, 2003.

Stauffer W, Ravdin JI. Entamoeba histolytica: an update. Curr Opin Infect Dis 16: 479-485, 2003.

Shamsuzzaman SM, Haque R, Hasin SK, Petri WA Jr, Hashiguchi Y. Socioeconomic status, clinical features, laboratory and parasitological findings of hepatic amebiasis patients – a hospital based prospective study in Bangladesh. Southeast Asian. J Trop Med Public Health 31: 399-404, 2000(a).

WHO/PAHO/UNESCO Report. A consultation with experts on amoebiasis. Mexico City, Mexico, 1997. Epidemiol Bull 18: 13-14, 1997



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