Entamoeba histolytica (Amebíase)
A Entamoeba histolytica é uma das formas
mais primitivas de protozoário, sendo extremamente frágil, e sensível a
mudanças de temperatura (Martinez- Palomo, 1988).
E.
histolytica encontra-se distribuída amplamente em todo o
mundo. Sua prevalência é maior nos países das zonas tropicais e subtropicais,
onde a população é carente e é baixo o nível de saneamento (Stauffer &
Ravdin, 2003). E é responsável por milhões de casos da doença conhecida como Amebíase.
Segundo
estimativas da Organização Mundial de Saúde, mais de 100 mil indivíduos morrem
anualmente vitimados pela doença, o que a torna a segunda principal causa de
morte por infecção provocada por protozoário parasito (WHO, 1997; Stanley,
2003).
Biologia
da E. histolytica
A E. histolytica pertence a um grupo maior
de amebas, da família Entamoebidae, que são parasitos comuns da nossa espécie.
Integra o grupo das Entamoebas, ou amebas interiores, porque geralmente são
encontradas no interior de animais vertebrados.
Em seu ciclo de vida apresenta dois estágios definidos:
o cisto, forma infectante responsável pela transmissão da doença, e o trofozoíto responsável pelo parasitismo no hospedeiro, forma
encontrada no intestino delgado e principalmente no intestino grosso onde comumente
fica alojada.
(1- núcleo; 2- cariossomo;
3- cromatina nuclear;
4- corpo cromatóide; 5-
parede cística)
Fonte:
http://ppsus.cederj.edu.br/ (Imagem: W. Souza)
(1- núcleo; 2-cariossomo;
3-cromatina; 4- endoplasma; 5- ectoplasma; 6- pseudópode)
Fonte:
http://ppsus.cederj.edu.br/ (Imagem: W. Souza)
Ciclo biológico da E. histolytica
O ciclo inicia-se pela ingestão dos cistos maduros
(tetranucleados) (1). Os cistos atravessam o estômago resistindo à ação do suco
gástrico, chegando até o íleo, onde ocorre o desencistamento (2). Abre-se uma
pequena fenda na parede cística, liberando o metacisto (3), que se apresenta
com quatro núcleos. Cada um desses núcleos sofre um processo de divisão seguido
da imediata divisão citoplasmática da célula para formar oito trofozoítos
metacísticos uninucleados (4). Os trofozoítos migram para o intestino grosso,
onde aderem à mucosa e sofrem um processo de maturação para dar lugar a
trofozoítos ativos (5) capazes de se reproduzir e colonizar esse órgão (de
Souza, 2013).
Em geral, os trofozoítos vivem como comensais, se
alimentando de bactérias e detritos, e reproduzindo-se por divisão binária (6).
Em determinadas condições ainda pouco conhecidas, os trofozoítos desprendem-se
da mucosa e no lúmen do intestino grosso inicia-se o processo de encistamento
(7), perdem a mobilidade, tomam formato esférico, assumindo a forma de
precisto. Posteriormente, secretam uma parede cística, sofrem outras
modificações, transformando-se em cistos imaturos, que tornam-se infectantes após
sucessivas divisões nucleares (8), sendo eliminados no meio ambiente juntamente
com as fezes do hospedeiro (de Souza, 2013).
Transmissão
- Através dos cistos contidos em água ou alimentos contaminados
- Além disso, um indivíduo previamente infectado pode se reinfectar levando a mão suja com os cistos à boca.
Sintomatologia
- Dor abdominal;
- Diarreia branda ou aguda com presença de sangue ou muco;
- Febre e Calafrios.
Aspectos clínicos
· Em relação aos aspectos clínicos, a doença
pode ser assintomática ou se caracterizar como amebíase invasiva intestinal com
disenteria, colite, apendicite, megacólon, peritonite, abscesso hepático,
abscesso pleuropulmonar, lesões oculares e genitais. A amebíase hepática é a
forma invasiva que causa o maior número de mortes, cujo percentual varia nos
diferentes estudos (Shamsuzzaman, 2000).
· As células epiteliais, quando aderidas pelos
trofozoítos de E. histolytica, perdem suas funções em minutos. Perdem
também seus grânulos citoplasmáticos, estruturas e, eventualmente, seus núcleos
(Okada, 2006).O parasito invade e danifica o tecido através de uma sequência de
eventos com a participação de múltiplos fatores relacionados tanto ao parasito
quanto ao hospedeiro (Pacheco, 2004).
Diagnóstico
e incubação
·
O diagnostico é realizado através de exames
parasitológicos de fezes.
·
Ultrassonografia e tomografia em casos de
abscessos intestinais.
·
Período de incubação entre 2 a 4
semanas, podendo variar dias, meses ou anos.
Tratamento
No
tratamento são utilizados medicamentos de amplo espectro de ação sobre os
protozoários, já que agem também na tricomoníase e giardíase. Os principais
derivados nitroimidazólicos são: metronidazol, nitrimidazina ou nimorazol,
tinidazol, ornidazol e o secnidazol.
Profilaxia
·
Tomar somente água tratada;
·
Lavar e higienizar, frutas e verduras antes
do consumo;
·
Lavar as mãos após usar o banheiro e antes
das refeições;
·
Procurar ajuda médica, caso apresente os
sintomas específicos;
·
Tomar os medicamentos de maneira adequada;
· Exigir das autoridades competentes as medidas
de saneamento básico, como, água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo.
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Referências
de Souza, W. (2013). Protozoologia
médica. Rio de Janeiro: Rubio, 416p.
Doenças Infecciosas e
Parasitárias: Enfoque Amazônico / Raimundo Nonato Queiroz de Leão
{coordenadoi}, -Belém: Cejup: UEPA: Instituto EvandroChagas, 1997, ,886 p.
Espinosa-Cantellano M, Martínez-Palomo A. Pathogenesis of intestinal
amebiasis: from molecules to disease. Clin Microbiol Rev 13: 318-331,
2000.
Martinez-Palomo A. Biology of amoebiasis: progress and perspectives. Biol
Parasitism 43: 61-73, 1988.
Okada M, Nozaki T. New insights into molecular mechasnisms of
phagocytosis in Entamoeba histolytica by proteomic analysis. Arch Med
Res 37: 244-252, 2006.
Pacheco J, Shibayama M, Campos R, Beck DL, Houpt E, Petri WA Jr, Tsutsumi
V. In vitro and in vivo interaction of Entamoeba histolytica Gal/GalNAc
lectin with various target cells: an immunocytochemical analysis. Parasitol
Int 53: 35-47, 2004.
Stanley SL. Amoebiasis. Lancet 361: 1025-1034,
2003.
Stauffer W, Ravdin JI. Entamoeba histolytica:
an update. Curr Opin Infect Dis 16: 479-485, 2003.
Shamsuzzaman SM, Haque R, Hasin SK, Petri WA Jr, Hashiguchi Y. Socioeconomic
status, clinical features, laboratory and parasitological findings of hepatic
amebiasis patients – a hospital based prospective study in Bangladesh.
Southeast Asian. J Trop Med Public Health 31: 399-404, 2000(a).
WHO/PAHO/UNESCO Report. A consultation with experts on amoebiasis.
Mexico City, Mexico, 1997. Epidemiol Bull 18: 13-14, 1997
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