sexta-feira, 18 de abril de 2014

Cryptosporidium parvum

   O gênero Cryptosporidium engloba várias espécies, dentre elas o Cryptosporidium parvum, causador da criptosporidiose, cujo um dos mamíferos hospedeiros é o homem. O interesse neste protozoário foi despertado inicialmente quando se constatou sua participação em quadros de diarreia em crianças subnutridas e, principalmente, quando se verificou sua presença em grande percentual de pacientes com imunossupressão, como é o caso de pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) (DE SOUZA, 2013). 

   Surtos de criptosporidiose têm sido descritos em varias partes do mundo. O maior ocorreu em Milwaukee, EUA, em 1993, quando 403 mil pessoas apresentaram sintomas de infecção pelo protozoário. A fonte de contaminação identificada foi a água proveniente do lago Michigan. (DE SOUZA, 2013).

Biologia do C. parvum

   Do ponto de vista parasitológico o C. parvum pertence ao grupo Apicomplexa, com um oocisto ovoide ou esférico, medindo 4 a 5µm de altura por 3µm de diâmetro, que contém uma pequena protusão como estrutura de adesão.

Oocistos de Cryptosporidium SP. Corados com safraina
Fonte: cdc.gov/dpdx/cryptosporidiosis

   Cada oocisto contém quatro esporozoítos em seu interior, desprotegidos de qualquer parede. Cada esporozoíto mede cerca de 6 µm de comprimento .

Liberação de esporozoítos.
Fonte: www.waterfilterreview.com

   Uma característica particular de protozoários do gênero Cryptosporidium é o fato de o esporozoíto infectar células epiteliais do sistema digestório ricas em microvilosidades e de se localizar em um vacúolo parasitóforo periférico, no nível das microvilosidades (DE SOUZA, 2013).

Ciclo de vida do C. parvum
Esquema do ciclo de vida do Cryptosporidium parvum. Ilustração adaptada de: XM, Keithly JS, Paya CV, LaRusso NF. Criptosporidiose. N Engl J Med. 2002; 346:1723-31. 

   O ciclo do C. parvum é considerado como monoxeno, inclui uma fase assexuada e outra fase sexuada. Os oocistos esporulados, contendo 4 esporozoítos, são eliminados nas fezes frescas (e possivelmente por outras vias, como através das secreções respiratórias). Após ingestão (ou possível inalação), os esporozoítos são liberados e parasitam as células epiteliais do trato gastrointestinal (ou outros, como o trato respiratório). Dentro das células, eles sofrem reprodução assexuada (esquizogonia ou merogonia) e a seguir reprodução sexuada (gametogonia). Após a fertilização dos macrogametócitos (célula feminina) pelos microgametócitos (célula masculina) é formado o zigoto, que sofre esporulação dentro do hospedeiro para formar o oocisto, que é liberado. Como a esporulação ocorre dentro do hospedeiro, pode ocorrer também, autoinfecção (CDC, 2010).

Transmissão

Ingestão de oocistos através da água ou alimentos contaminados.

Obs.:   O grau de contaminação da água varia de região para região. Cerca de 30% das fontes de água potável nos EUA estão contaminadas, contendo 0,001 a 0,72 oocistos por litro. (DE SOUZA, 2013).

Sintomatologia

   Os sintomas da criptosporidiose geralmente começam 2 a 10 dias (média 7 dias) após a infecção com o parasita. O sintoma mais comum da criptosporidiose é a diarreia aquosa. Outros sintomas incluem :
·         dor abdominal
·         desidratação
·         náusea
·         vômitos
·         febre
·         perda de peso

Obs.: Grande parte das pessoas com criptosporidiose é assintomática.

Aspectos clínicos

  • Os sintomas geralmente duram cerca de 1 a 2 semanas (com um intervalo de alguns dias) em pessoas com sistemas imunitários saudáveis ​​. Ocasionalmente, as pessoas podem experimentar uma recorrência dos sintomas após um breve período de recuperação antes que a doença termine. Os sintomas podem ir e vir por até 30 dias (CDC, 2010).
  • Enquanto o intestino delgado é o local mais comumente afetado, infecções por Cryptosporidium podem afetar outras áreas do trato digestivo ou do trato respiratório. Pessoas com sistema imunológico debilitado podem desenvolver doença grave, crônica, e por vezes fatal (CDC, 2010).

Tratamento

  • A nitazoxanida é a droga utilizada para o tratamento da diarreia causada por Cryptosporidium em pessoas com sistema imunológico saudável e deve ser utilizada somente com a devida orientação médica.

Profilaxia

·         Tomar somente água tratada;
·         Lavar e higienizar, frutas e verduras antes do consumo;
·         Lavar bem as mãos após utilizar o banheiro e antes das refeições;
·         Lavar as mãos após lidar com animais;
·         Tratar as pessoas doentes;
·         Exigir das autoridades competentes as medidas de saneamento básico, como, água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo.

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Referências

DE SOUZA, W., 2013. Protozoologia médica. Rio de Janeiro: Rubio, 416p.

CDC/ATLANTA/USA. DPDx, 2010 - Division of Parasitic Diseases – Cryptosporidium Infection. In: http://www.cdc.gov search: DPDx

DDTHA/CVE/SES-SP, 2002. Matriz de Surtos 2001. In: Informe NET DTA.
http://www.cve.saude.sp.gov.br .

 FDA/CFSAN Bad Bug Book, 2002 – Cryptosporidium. In: http://www.fda.gov

 BENENSON, AS (Editor). Control of Communicable Diseases Manual. 15º ed. Washington, DC: An official report of the American Public Health
Association,1995, p. 121-124.



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